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quarta-feira, 8 de maio de 2013

Mas voce vai ser professor?

Divulgação / Shutter Stock Images


Acabei de ler esse texto e achei o maximo! Igualzinho ao que aconteceu comigo, faco dele as minhas palavas!

Quando meus amigos e colegas viram meu nome na lista de aprovados no vestibular para Letras, todos me fizeram a mesma pergunta: mas você vai ser professor? A pergunta, embora bem-intencionada, não era feita como quem soubesse que há, na área, muitas ramificações e profissões possíveis (e que eu poderia não ser professor e sim pesquisador, revisor, tradutor), e sim como quem me pergunta se eu iria mesmo colocar a cabeça dentro da boca de um leão.
De certa forma, é assim que é ser professor no Brasil, conforme aprendi anos mais tarde, no meu primeiro concurso, pleiteando uma vaga no município. A prática me ensinou definitivamente o que era sugerido por aquelas perguntas preocupadas dos meus amigos: o salário não é bom, a rotina é cansativa, as reuniões pedagógicas são constantes, a necessidade de atualizar-se é diária, e a docência, a relação com os alunos, é impactante. Isso se dá especialmente quando lidamos com alunos problemáticos e/ou com poucos recursos.
Não entrei na faculdade com grandes ilusões, mas também não estava preparado por ela no meu primeiro dia à frente de uma sala de aula, com trinta alunos já decididos a me rejeitar. Tornei-me professor muito depois de receber o diploma com a habilitação. Acho que posso dizer que fui lapidado com a prática, e ainda tenho muito pela frente, pois só faz quatro anos desde aquele primeiro dia.
Porém, já tenho as minhas certezas: ser professor poderia ser muito mais confortável, poderia ser muito menos estafante, mas vale todos os momentos. E isso aprendi no dia da minha estreia: já lá conheci a incrível sensação de passar conhecimento útil para alguém e ver que essas novas informações foram apreendidas.
Então, sim, eu escolhi ser professor. É mesmo comparável a colocar a cabeça dentro da boca de um leão ou qualquer outra coisa que os outros julguem louca, mas não faz ideia da emoção que causa. Escolhi ser professor e escolho diariamente colocar-me nessa posição desvalorizada, mal paga, cansativa, mas recompensadora como poucas outras profissões são capazes de se provar.

*André da Cunha é formado em Letras - Português e Inglês pela PUCRS e professor na rede estadual do Rio Grande do Sul.
Professor, se você tem alguma experiência que queira compartilhar com outros docentes, envie-nos os detalhes no e-mail: l.portuguesa@criativo.art.br

Retirado do site linguaportuguesa.uol.com.br