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quarta-feira, 31 de outubro de 2012

A perda


Dizem que a primeira vez a gente nunca esquece. Essa eu nunca vou esquecer.
Meu dia começou com todas as sextas, acordei, troquei de roupa, arrumei a marmita, tomei café e fui trabalhar. Estava a caminho das escolas de Miami Beach ouvindo o CD do Louvatin e agradecendo a Deus pelo dia lindo que estava fazendo. Estava concentrada na pista e vendo o quanto o trânsito estava lento. Eu estava a 80km por hora.
De repente vi um vulto branco. Era uma picape branca me cortando pela direita e jogando o carro em cima de mim. Levei um susto e no susto minha reação nao foi de buzinar ou frear mas sim de virar o volante. Quando fiz isso... perdi o controle do carro. Tentei segurar, mas não consegui. Quando vi já tinha batido na mureta do outro lado da avenida.
Foi tão rápido que não sei dizer como aconteceu. Sei que senti que meus pés não tocavam o piso do carro e só me dei conta de estar do lado contrário da pista quando liguei o pisca alerta e vi os carros de frente. Eu tinha rodado na pista, saido totalmente da pista da esquerda para o sentido oposto da pista da direita. E não bati em ninguém. E ninguém bateu em mim. Foi um milagre!
Enquando a música ainda rolava no som, tremendo liguei para meu marido e o acordei dizendo que tinha batido o carro. Ele me acalmou e foi em meu socorro. Eu não estava atrapallhando o trânsito, mas todos diminuiram só para me olhar batida no cantinho do acostamento. Somente dois policiais e um cidadão pararam para perguntar se eu estava bem. Os outros só olhavam como se não tivesse niguém ali,pura curiosidade.
Meu marido me ligou para entender melhor aonde eu estava e comecei a chorar. Não havia me machucado ou batido em nada, nem uma unha sequer tinha quebrado, mas eu chorava sem parar. E a única coisa que me fazia chorar era o constante pensamento que vinha em minha mente: “não acredito, bati meu carro!”
Minha relação com meu carrinho era uma coisa muito especial. Ele era do meu marido e foi nele que toda nossa história de amor começou. Foi nele que Vitor foi me buscar para nosso primeiro encontro indo para o Cirque Du Soleil. Era nele que saimos com  a nossa cachorra Preta. Foi nele que aprendi a dirigir e foi esseo carro que ele me deu para ser meu. Eu era simplismente apaixonada pelo meu Toyota Rav 4 preto 2001. Ele era lindo, bem cuidado e meu! Eu dizia todos os dias o quanto era feliz por ter ele e nem queria pensar em ter que vendê-lo um dia. Era meu lindo carro que eu morria de ciúmes de verf alguém dirigindo ele. E eu bati.
Quando tentei abrir a porta e a porta não abria senti que o caso era grave e chorei mais ainda.
Vinte minutos depois Vitor chegou e eu tive coragem de sair do carro e ver o estrago. Até então eu não tinha tido coragem de sair e ver. Quando saí vi que tinha batido na parte traseira e dianteira do lado esquerdo. Quando Vitor virou o carro pude ver meu carrinho balançando e vi que o estrago foi grande. No chão vi os caquinhos dos faróis e um monte de parafusos. Eram pedacinhos do meu carro. Doeu tanto ver os pedaços dele no chão…
Saimos da estrada e senti uma dor maior quando paramos e Vitor me disse que tinha ligado para pegarem o carro. Ele o tinha vendido. Tive que tirar tudo que era meu de dentro dele. Não tinha jeito, não havia conserto, foi perda total.
Não fui trabalhar nesse dia e passei o fim de semana deprimida. Chorava toda vez que lembrava que não teria mais meu toy comigo e que o pior, meu marido ia ter que trabalhar de moto.  Agora temos que juntar dinheiro e comprar outro carro. E não vai ser igual... nunca mais vai ser igual...
Sei que posso até estar exagerando, mas doeu muito aqui dentro de mim essa perda. As vezes, pela noite ainda ouço o barulho da batida e vejo seus caquinhos no chão...

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Criança interior




Acredito que todos nós temos uma criança dentro da gente que nunca more. E não estou falando das grávidas! Estou falando daquela criança que mora dentro da gente, que de vez em quando quer sair, brincar, pintar, pular, se lambuzar de sorvete, ir no parque, jogar com os amigos, comer brigadeiro e ter o recreio da escola. Tenho saudades dessa criança.
Essa criança adorava brincar de Barbie por exemplo. Montar a casinha, trocar as roupinhas, pentear o cabelo e fazer a historia. De vez em quando ela me chama quando passo em lojas de brinquedos. Quer ver as novidades da vitrine e se espanta com as modernidades da Barbie.
Essa criança também me chama pra tomar milk-shake com o papai e pedir para ele comprar uma revistinha da Turma da Monica. Mesmo agora longe do papai e do Brasil sem ter revistinhas nas bancas ela lê pela internet. Faz encomenda e sempre que vai no Brasil compra umas revistinhas jurando que e para seus aluninhos de português, mas no fundo é para a criança dela.
Essa minha criança desde criança queria ser ecritora e aos pouquinhos anda tentando escrever. Dizem que seu primeiro livro foi um livro de receitas da família para sua prima. Não foi impresso e nem editado, mas dizem que é um livro bem autêntico!
Ando com muitas saudades dessa criança que ficava lendo revistinha e sonhava em se casar em dia. Agora leio revistas da Monica pela internet e penso em uma maneira de acompanhar a Turma da Monica Jovem. Perdi muitas edições e só tenho uns 2 mangás. Queria poder ter a assinatura, mas a vida de professora casada me trouxe outras responsabilidades. Quem sabe um dia...
Agora vou ter que colocar essa criança pra dormir, tenho muitas coisas de gente grande para fazer.

Mrs. Brasil